Ressuscitando...


Ressuscitando...  o blog, agora com um novo objetivo, mostrar minha relação com o esporte, principalmente, mas com grande chance de falar de muitas coisas (vai ser difícil falar de um único tema); eu diria que vou falar de tudo aqui, exatamente como coloquei no perfil. E vou hoje republicar um texto que escrevi no dia 28 de julho de 2014, depois de completar minha primeira maratona. Neste texto conto uma parte da minha história com a corrida de rua. Curioso, porque relendo os primeiros posts e comparando com meu estilo de vida no momento, nossa, duas coisas distantes (esporte e fotografia), mas que dependendo de como você interage com eles, podem ter correlações interessantes. Tudo depende de como você se deixa modificar pelos acontecimentos que batem à sua porta. A partir de agora tentarei escrever com mais frequência...



Hoje sou maratonista.... (para quem tiver paciência).


Esperei muito pelo dia 27 de julho de 2014, dia da minha estreia em maratonas. Pensei em tantas coisas nos dias que antecederam, ao longo dos meses de treinamento, e ontem durante a corrida, foi um filme que passou na minha cabeça, enquanto corria concentrada em busca de ficar dentro da meta que havia planejado.

Há um ano atrás, aproximadamente, junho/julho de 2013, cheguei para o Marlon da Costa e disse, cara, tenho que correr minha primeira maratona em 2014, sim ou sim, não existe outra opção, porque será uma grande frustração para mim. Naquele momento vinha de um período de quase 1 ano sem correr nada, pesando 70 kg (depois de ter chegado a 72 kg em janeiro), com um percentual de gordura de 36%. Ele topou o desafio e disse, temos 1 ano para nos prepararmos. Você está mesmo decidida e disposta? Sim, como nunca estive, e agora podemos ter calma na preparação. Muita coisa aconteceu de lá para cá. Mudanças significativas na vida pessoal, principalmente. Foram tempos difíceis pessoal e profissionalmente. Mas absolutamente nada me tirou do foco, ou melhor, nos tirou do foco, porque ele também vestiu a camisa e treinou junto comigo o tempo inteiro. Sai de 70 kg para 56 kg, de 36% de gordura para 17%. De um ritmo de corrida de 7’30’’/km para 5’53’’/km (em longão; pace ontem no meu garmin), mas 5’/km em distâncias mais curtas. Tive uma lesão que poderia ter sido um problema e que no final foi grande aliada, apesar de ontem termos achado que talvez o tempo tivesse sido um pouco melhor se não fosse as 3 semanas parada (vai saber). A lesão me fez procurar ajuda para melhorar um problema que tenho desde pequena e que fui alertada por anos a fio por pessoas queridas, minha postura. Aprendi com uma pessoa especial a olhar diferente para a máquina que é o meu corpo. Na verdade, com a maratona aprendi a olhar para mim e me valorizar de uma maneira muito diferente, como nunca tinha feito antes.

A corrida inteira foi sensacional. Tinha uma meta de tempo, o coach de certa forma tinha outra. Sabia que não deveria me preocupar com o tempo, mas essa não é minha natureza, porque queria fazer da melhor maneira possível e essa era a maneira que havia escolhido há um tempo atrás, e sabia exatamente até onde podia ir. Apesar de ter ficado muito preocupada quando passei pelo km 21, com medo de não aguentar aquele ritmo até o final (5’47’’/km), não me entreguei e fui focada no tempo até o km 39, tentando me manter num ritmo que considerava forte perto do que havia treinado. Nossa, quando desci a Niemeyer, cheguei a fazer um ritmo de 5’36’’/km. Até porque sabia que logo abaixo encontraria com o Otávio e seria um grande incentivo para não perder o foco (rsrsrsrs). Passei pela orla da Zona Sul do RJ com sensações de alegria, euforia, preocupação e já batendo um cansaço horrível. Tinha perdido um suplemento no meio da corrida e o advil que ajudaria a diminuir as dores; no começo isso me deixou atordoada e depois acabei relaxando e esquecendo. Uma coisa que me chamou a atenção durante toda a orla, é o pouco caso de muitos brasileiros com os atletas. Enquanto alguns nos saudavam, motivando, dando força, outros davam as costas, como se nada estivesse acontecendo ali ao lado deles. Essa não pode ser a postura de um país que daqui a dois anos terá o maior evento do esporte mundial. Na Europa e Estados Unidos as ruas são tomadas pela população em dia de maratona e as pessoas incentivam o tempo inteiro. Enfim... que fique de alerta para todos... Copacabana é dureza, não acaba, não tem fim, é impressionante... e ao final dela começou a chuva, que veio para lavar a alma. Cheguei no km 39 e as dores dominavam o meu corpo, dores que nunca havia sentido antes, joelho, coxa, glúteos, na sola do pé. Cheguei a um cansaço extremo e num dos postos de hidratação já perto do final, me empolguei em jogar água no corpo na tentativa de aliviá-lo, e acabei ensopando meu tênis direito, mas aí a chuva caiu forte e ficou tudo definitivamente encharcado. Quando vi que do 39 ao 42 não ia conseguir manter mais o ritmo que vinha fazendo, olhei para o relógio e meu tempo estava bem melhor que eu mesma podia esperar; até fiquei brava, porque se não tivesse literalmente quebrada, seria uma estreia porreta, mas aí decidi relaxar e pensei que mesmo que fosse para ritmo de 7’, ainda assim terminaria muito bem. Foi para 6’ de ritmo e como vinha fazendo entre 5’47’’/km e 5’50’’/km, isso não faria muita diferença no tempo final. Os últimos 3 km acabaram por se transformar em 39 km; é muito mais difícil fazê-los do que chegar até ali. No final de Copacabana e saindo dela, a torcida por você aumenta significativamente, então resolvi fazer festa com as pessoas que estavam vendo a corrida, eu pedia torcida o tempo inteiro, passava eufórica, batia na mão, fazia aviãozinho para todas as máquinas fotográficas que via. No Aterro do Flamengo a festa foi ainda maior, e chovia, muito... Teve um homem (que parecia treinador pela roupa de esporte) que abraçou uma moça que estava na minha frente, eu pedi para ele me abraçar também. Cheguei no km 41 e comecei a chorar copiosamente, aquele choro que faz você respirar com dificuldades. Tive que me recompor para voltar a respirar e seguir na carreira. Até que quase chegando no km 42 encontrei uma grande amiga que fiz na corrida, eu sabia que ela estaria ali, mas estava tão fora de mim nesta hora, que não conseguia reconhecer ninguém, mas ela me gritou tanto, que reconheci a Isabel Enguer Scisinio, que me deu um abraço delicioso. Que festa... Isso é o que mais chama a atenção. Quando você chega na área onde estão as assessorias a maneira como você é recebido não tem preço e jamais me esquecerei, foi a festa mais deliciosa que já participei e quero fazer essa prova 200 vezes para sempre sentir o gostinho de ser recebida com um carinho e respeito ímpares. Até que de repente vejo meus professores da FF Sports Assessoria Esportiva, Marlon, Nando Gavazzoni,Otavio Souza, Felipe Silveira e Gabi Ornelas; quando ouvi eles me gritando, de novo não reconheci ninguém fisicamente, mas sabia que eram eles só pela festa. E meu coach e amigo do coração, Marlon, depois de fazer sua primeira maratona para 3h30min, veio ao meu encontro, e correu comigo os últimos metros. E olhou para o meu relógio e disse: já viu seu tempo? Eu disse, claro, olhei para ele a prova inteira (nem sei se foi isso que eu disse; não me lembro mais do que falei naquela hora). Fizemos juntos uma festa sem tamanho. Eu chorava, um emoção sem fim, dizia que não conseguia correr nem mais 1 metro, as pessoas em volta gritavam, e eu dizia que era só a primeira de muitas maratonas. Dizia que aquele era sim, o dia mais feliz da minha vida, e que a emoção que ali sentia me marcaria para sempre. Amanhã é aniversário do Marlon, disse para ele que tinha um presente, mas ele me disse que eu não precisava mais dar presente algum, que ontem ver meu sorriso e alegria foram o melhor presente que ele podia ter recebido. É isso aí, querido coach, ontem você ganhou de mim o que eu tenho de melhor, meu sorriso e alegria. Sem contar um carinho e amizade eternos. Quando cruzamos a linha de chegada pedi um abraço, que também jamais esquecerei. Ele mereceu o abraço e todo meu esforço, porque lutou muito comigo para que meu sonho se tornasse realidade. E me aguentou por 12 meses, com minhas inseguranças, medos, preocupações, problemas, e etc.

Um agradecimento especial aos profissionais que participaram diretamente desse desafio, Marlon, Nando, Carla Bogea, Paula Tenenbaum e Fabricio Carvalho. Eu não teria conseguido sem vocês. Essa medalha também é de vocês.

E outro para a galera do grupo dos #42ksemdo:Ludmila Valente, Aline Dias, Fernando Otero, Flávia Boechat, Aylton Magalhães, Cristiano Boccolini,Celiabrasil Brasil (maratonistas junto comigo), Aldecir Oliveira, Mauricio Dias Bahia, Flavia Cruz, Dan Faraell,Tatiana Santos (futuros maratonistas...). Vocês foram essenciais durante todo o tempo, ainda mais intensamente nos 4 dias que antecederam a prova, com as 200 milhões de conversas loucas no zap zap… Acho que nunca ri tanto na minha vida. Treinamos todos os fins de semana juntos e mesmo que não estivéssemos todos no mesmo ritmo, começar e terminar com resenha na tenda, faça chuva ou faça sol, fez com que a preparação fosse mais leve.

Tempo líquido oficial: 4h09min27seg.






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