Onde mora o seu desafio? Já pensou nisso?

Meia-maratona e Maratona da Cidade do Rio de Janeiro 2016


Mais um desafio vai se aproximando; para mim será a oportunidade de encarar mais uma prova de 21 km, mas desta vez com um objetivo muito específico, de melhorar significativamente meu tempo na distância. Pela primeira vez vou para uma prova pensando em tempo. Por isso mesmo, apesar da distância não ser assim tão grande, ainda assim, para mim será como fazer uma maratona. A meta é ousada, mas foi baseada no que o corpo vem demonstrando nas últimas 4-5 semanas de treino, desde que fiz minha primeira prova de triathlon na distância de 70.3. Meu ritmo na corrida mudou completamente; percebi que os treinos pesados no ciclo de preparação para o meio ironman me permitiram correr mais rápido, num ritmo que jamais podia imaginar.

Sobre isso exatamente, tenho dois comentários a fazer. Ao longo das últimas semanas ouvi de diferentes pessoas, será que um dia eu vou conseguir correr uma maratona; ah sim, esse deve ser de fato um grande desafio. Mais uma, eu só conseguirei me desafiar de verdade, se eu fizer uma maratona. Em muitas frases percebi que muitos corredores acreditam que só se transformarão em “corredores” se fizerem uma maratona. Não, definitivamente não concordo com isso. Conheço excelentes corredores que nunca correram uma maratona. Durante um tempo eu também acreditei nisso, mas desde que fiz minha primeira maratona (a única até agora), as lesões que elas trouxeram para o meu corpo e como eu decidi levar minha vida esportiva após isso, mudei completamente minha maneira de pensar. E ainda assim continuo me desafiando o tempo inteiro. Percebi que para levar meu corpo ao limite e apresentar a ele um grande desafio, posso sim, fazer uma meia-maratona ou mesmo uma prova de 10 km. Esse tem sido o meu espírito com a corrida desde 2015. Sim... eu não quero aumentar a distância agora, eu quero melhorar em muito os meus tempos na distância; e isso é um desafio tão gigante quanto fazer uma ultramaratona. É com esse objetivo que vou largar no próximo domingo na minha 12a meia-maratona.

Algumas vezes também me perguntaram sobre quando fazer a primeira maratona e tenho uma opinião cada dia mais fechada sobre isso. Levei anos para fazer minha primeira maratona. Comecei a correr em 2005 e só fiz minha primeira maratona em 2014, nove anos depois, e ainda assim, acho que poderia ter esperado um pouco mais. Com a cabeça que tenho hoje, com 2 anos de triathlon nas costas, acredito que esta decisão não deve ser tomada com pressa. Se eu recomeçasse hoje tudo de novo, eu iria subindo as distâncias aos poucos, evoluindo no volume, melhorando os tempos, 5km, 10km, 16km, depois de uns 2 anos, faria minha primeira meia-maratona. Daria tempo ao corpo a se adaptar às distâncias, bem como primeiro encaixaria a rotina de treinos na minha própria rotina de vida. Eu só faria uma maratona depois de perder peso (caso fosse necessário), de perceber que correr faz parte da minha vida diária e que é algo que eu não abro mão por qualquer dificuldade. Sempre fui uma atleta indisciplinada. Passava meses treinando, depois vinha um branco e mais alguns meses sem treinar, perdendo tudo que havia evoluído. Isso é muito ruim, faz com que o corpo não crie memória para a atividade física. Olhando hoje para o que eu penso, eu faria pelo menos 5 provas na distância de 21km, para depois então começar a pensar em fazer uma maratona. Buscaria primeiro evoluir meu condicionamento físico e meu próprio ritmo de corrida. Hoje é exatamente assim que estou evoluindo nos volumes do Triathlon e não me arrependo nenhum pouco, porque percebo que a cada mês de treino e a cada nova prova, meu corpo está cada dia mais experiente e adaptado aos treinos, volumes e intensidades. Quero dizer com isso, que o triathlon não tem sido um sofrimento físico e também mental, na verdade tem sido uma evolução perfeita que me permite curti cada modalidade e as distâncias vencidas. A questão mental é um ponto muito importante e que vários atletas desconsideram na preparação; treinar a mente para se submeter a horas de prova é tão essencial quanto treinar o corpo. Em 2015 foram 4 provas na distância de short triathlon (750m de natação + 20km de ciclismo + 5km de corrida). Em 2016 fiz meu primeiro triathlon olímpico (1500m de natação + 40km de ciclismo + 10km de corrida). Somente após esta prova decidi fazer o primeiro 70.3 (1900m de natação + 90km de ciclismo + 21km de corrida); logo em seguida fiz meu segundo triathlon olímpico, que por sinal, foi muito mais confortável de fazer do que o primeiro, exatamente porque o corpo estava preparado física e mentalmente para a distância, inclusive porque já experimentou uma distância maior. O desafio de fazer um ironman não será encarado enquanto não tiver no currículo, pelo menos 5 provas na distância de 70.3. Isso eu também aprendi com os chefes Ezequiel e Soledad; me lembro como se fosse hoje uma das primeiras conversas que tive com o Ezek e ele usou a seguinte analogia. Você entra na Universidade para fazer um curso de graduação sem antes passar pela educação básica ou mesmo faria uma pós-graduação sem antes fazer a graduação? Então, é por aí. Para fazer um ironman curtindo o ciclo de preparação e a prova, você precisa viver as distâncias menores aos poucos e ir adaptando o corpo e a mente para suportar principalmente a preparação duríssima, e depois para encarar a distância de 3800m de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida.


                                Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, julho/2014


                            Meia-Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, julho/2015


                          Meia-Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, maio/2016


Sei que cada um tem os seus motivos e acredita no seu próprio tempo de vida. Eu aprendi a respeitar inclusive estas escolhas, mas acho que vale muito a pena pensar em levar a evolução no esporte (corrida ou triathlon) também com leveza; pode fazer total diferença. Não me arrependo até agora das escolhas que tenho feito na minha vida de atleta..... estou curtindo cada etapa e muito intensamente. Sem pressa.... Vou vivendo os desafios com força, mas também com muita sensibilidade!

A todos, que amanhã seja especial, emocionante, incrível e inesquecível; independente da distância. Porque todos somos vencedores, pelo simples fato de um dia termos tido coragem de levantar do sofá e nos entregar a uma rotina diária de treinos, com muita disciplina e cuidados com a saúde!

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