Onde mora o seu desafio? Já pensou nisso?
Meia-maratona e Maratona da Cidade do Rio de
Janeiro 2016
Algumas vezes também me perguntaram sobre quando
fazer a primeira maratona e tenho uma opinião cada dia mais fechada sobre isso.
Levei anos para fazer minha primeira maratona. Comecei a correr em 2005 e só
fiz minha primeira maratona em 2014, nove anos depois, e ainda assim, acho que
poderia ter esperado um pouco mais. Com a cabeça que tenho hoje, com 2 anos de
triathlon nas costas, acredito que esta decisão não deve ser tomada com pressa.
Se eu recomeçasse hoje tudo de novo, eu iria subindo as distâncias aos poucos,
evoluindo no volume, melhorando os tempos, 5km, 10km, 16km, depois de uns 2
anos, faria minha primeira meia-maratona. Daria tempo ao corpo a se adaptar às
distâncias, bem como primeiro encaixaria a rotina de treinos na minha própria
rotina de vida. Eu só faria uma maratona depois de perder peso (caso fosse
necessário), de perceber que correr faz parte da minha vida diária e que é algo
que eu não abro mão por qualquer dificuldade. Sempre fui uma atleta
indisciplinada. Passava meses treinando, depois vinha um branco e mais alguns
meses sem treinar, perdendo tudo que havia evoluído. Isso é muito ruim, faz com
que o corpo não crie memória para a atividade física. Olhando hoje para o que
eu penso, eu faria pelo menos 5 provas na distância de 21km, para depois então
começar a pensar em fazer uma maratona. Buscaria primeiro evoluir meu
condicionamento físico e meu próprio ritmo de corrida. Hoje é exatamente assim
que estou evoluindo nos volumes do Triathlon e não me arrependo nenhum pouco,
porque percebo que a cada mês de treino e a cada nova prova, meu corpo está
cada dia mais experiente e adaptado aos treinos, volumes e intensidades. Quero
dizer com isso, que o triathlon não tem sido um sofrimento físico e também
mental, na verdade tem sido uma evolução perfeita que me permite curti cada
modalidade e as distâncias vencidas. A questão mental é um ponto muito
importante e que vários atletas desconsideram na preparação; treinar a mente
para se submeter a horas de prova é tão essencial quanto treinar o corpo. Em 2015
foram 4 provas na distância de short triathlon (750m de natação + 20km de
ciclismo + 5km de corrida). Em 2016 fiz meu primeiro triathlon olímpico (1500m
de natação + 40km de ciclismo + 10km de corrida). Somente após esta prova
decidi fazer o primeiro 70.3 (1900m de natação + 90km de ciclismo + 21km de
corrida); logo em seguida fiz meu segundo triathlon olímpico, que por sinal,
foi muito mais confortável de fazer do que o primeiro, exatamente porque o
corpo estava preparado física e mentalmente para a distância, inclusive porque
já experimentou uma distância maior. O desafio de fazer um ironman não será
encarado enquanto não tiver no currículo, pelo menos 5 provas na distância de
70.3. Isso eu também aprendi com os chefes Ezequiel e Soledad; me lembro como
se fosse hoje uma das primeiras conversas que tive com o Ezek e ele usou a
seguinte analogia. Você entra na Universidade para fazer um curso de graduação
sem antes passar pela educação básica ou mesmo faria uma pós-graduação sem
antes fazer a graduação? Então, é por aí. Para fazer um ironman curtindo o
ciclo de preparação e a prova, você precisa viver as distâncias menores aos
poucos e ir adaptando o corpo e a mente para suportar principalmente a preparação
duríssima, e depois para encarar a distância de 3800m de natação, 180km de
ciclismo e 42km de corrida.
Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, julho/2014
Meia-Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, julho/2015
Meia-Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, maio/2016
Mais um desafio vai se aproximando; para mim será a
oportunidade de encarar mais uma prova de 21 km, mas desta vez com um objetivo
muito específico, de melhorar significativamente meu tempo na distância. Pela
primeira vez vou para uma prova pensando em tempo. Por isso mesmo, apesar da
distância não ser assim tão grande, ainda assim, para mim será como fazer uma
maratona. A meta é ousada, mas foi baseada no que o corpo vem demonstrando nas
últimas 4-5 semanas de treino, desde que fiz minha primeira prova de triathlon
na distância de 70.3. Meu ritmo na corrida mudou completamente; percebi que os
treinos pesados no ciclo de preparação para o meio ironman me permitiram correr
mais rápido, num ritmo que jamais podia imaginar.
Sobre isso exatamente, tenho dois comentários a fazer. Ao
longo das últimas semanas ouvi de diferentes pessoas, será que um dia eu vou
conseguir correr uma maratona; ah sim, esse deve ser de fato um grande desafio.
Mais uma, eu só conseguirei me desafiar de verdade, se eu fizer uma maratona.
Em muitas frases percebi que muitos corredores acreditam que só se transformarão
em “corredores” se fizerem uma maratona. Não, definitivamente não concordo com
isso. Conheço excelentes corredores que nunca correram uma maratona. Durante um
tempo eu também acreditei nisso, mas desde que fiz minha primeira maratona (a
única até agora), as lesões que elas trouxeram para o meu corpo e como eu
decidi levar minha vida esportiva após isso, mudei completamente minha maneira
de pensar. E ainda assim continuo me desafiando o tempo inteiro. Percebi que
para levar meu corpo ao limite e apresentar a ele um grande desafio, posso sim,
fazer uma meia-maratona ou mesmo uma prova de 10 km. Esse tem sido o meu espírito
com a corrida desde 2015. Sim... eu não quero aumentar a distância agora, eu
quero melhorar em muito os meus tempos na distância; e isso é um desafio tão
gigante quanto fazer uma ultramaratona. É com esse objetivo que vou largar no
próximo domingo na minha 12a meia-maratona.
Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, julho/2014
Meia-Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, julho/2015
Meia-Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, maio/2016
Sei que cada um tem os seus motivos e acredita no seu
próprio tempo de vida. Eu aprendi a respeitar inclusive estas escolhas, mas
acho que vale muito a pena pensar em levar a evolução no esporte (corrida ou
triathlon) também com leveza; pode fazer total diferença. Não me arrependo até
agora das escolhas que tenho feito na minha vida de atleta..... estou curtindo
cada etapa e muito intensamente. Sem pressa.... Vou vivendo os desafios com força,
mas também com muita sensibilidade!
A todos, que amanhã seja especial, emocionante, incrível e
inesquecível; independente da distância. Porque todos somos vencedores, pelo
simples fato de um dia termos tido coragem de levantar do sofá e nos entregar a
uma rotina diária de treinos, com muita disciplina e cuidados com a saúde!
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