Sobre o que pensamos, ou melhor, como dirigimos nossos pensamentos!
A pergunta era assim, o que você pensa enquanto treina e compete,
principalmente em provas longas? Como dirigi seus pensamentos?
Difícil responder por um lado, até porque meus
pensamentos sempre foram caóticos, confusos, conturbados. Por muito tempo achei
que só conseguiria correr ouvindo música; não me achava capaz de ficar sozinha
comigo mesmo, meu corpo, meus pensamentos e o mundo que me cerca.
Principalmente quando se tratava de treinos e provas longas. Assim foi toda a
minha preparação para a maratona em 2014. Até o dia que perdi todos os
equipamentos para ouvir música e precisei experimentar pela primeira vez correr
comigo mesmo. No começo foi um sofrimento, mas com o tempo foi encaixando e
percebi que o silêncio musical se transformaria na oportunidade ímpar de me
encontrar. Por dias, meses, até anos, os pensamentos giraram em torno de
assuntos diversificados, trabalho, problemas pessoais e profissionais, ciência,
arte, metabolismo energético, sim, em geral as mitocôndrias são minha principal
cia nos treinos, penso muito em como elas trabalham, a transformação de energia
e também o processo de contração muscular. Penso muito na família, nas pessoas
que eu amo, amigos e aquelas que tenho admiração e me inspiram. Mas de repente,
num determinado momento, palavras as mais variadas começaram a se encaixar em
frases e passaram a virar poesias e textos, muitos de automotivação, sobre a
fina relação entre viver equilibradamente e nossos conflitos internos; vários
tenho vontade de transformar em um livro sobre minhas ansiedades e angústias. E
assim fui adaptando meus pensamentos durante a corrida e cada dia mais venho
tentando sempre ouvir meu coração batendo, o som das passadas e a minha
respiração. Tento o tempo inteiro ouvir os sinais do meu corpo. Tem dias que os
treinos são difíceis demais, porque a cabeça enfraquece e tenta levar junto o
corpo; para esses momentos, busco as provas que mais mexeram com o meu
emocional e que me fizeram transformar minha existência. Nesta hora me sinto
forte e busco as pessoas que me motivam; não são muitas, mas o suficiente para
me fazerem cia, mesmo estando distantes, algumas em outra vida. Hoje, pela
primeira vez tenho experimentado uma relação muito diferente e especial com a
corrida e isso tem feito com que minha mente se esvazie completamente durante
os treinos e provas. Mais ou menos assim, simplesmente tem dias (cada vez mais
frequentes) que eu não penso em nada, apenas sinto aquele momento único de
ouvir meu corpo e com o olhar interagir com a paisagem que me acompanha; tudo
de forma muito tranquila. É, acho que é mais ou menos como um estado de
meditação e isso independente do ritmo que esteja desenvolvendo.
Foto by Ezequiel Morales!
No entanto minha relação com o esporte não vive somente das corridas, mas
também das outras modalidades que compõem o triathlon; essa foi a segunda
pergunta que meus alunos me fizeram essa semana. É diferente? Oh, e como....
cada modalidade tem suas características, mas isso é papo para outro texto!
Muito bom Juliany! Eu por exemplo nesse último pedal de 7hs pensei em alegria até da infância, mas o que faço sempre é cantar. Gonzagas, pai e filho, Geraldo Vandre, Queen, Pink Floyd e nesse até Gaubi Peixoto. kkkkkk Procuro principalmente nas horas + difíceis sorrir e conversar alto comigo mesmo como eu posso fazer, igual um maluco. Kkkkk
ResponderExcluirQue legal, Marcão! Eu já cantei também durante o pedal. Na verdade, no mar e na bike os pensamentos ainda são muito loucos e diversificados, são modalidades que ainda me custam passar mais tempo, mas aos poucos vai melhorando!!!! Ah... já conversei muito comigo tb!
ExcluirBom demais Ju! Hoje em dia também e pego por vezes assim pensando: "Nossa, o que será que eu fiz esse tempo todo aqui em cima dessa bike? Não pensei em nada"...rsrs.. Kind of Meditation! :)
ResponderExcluirClayton, estou começando a aprender a ficar sozinha comigo e os treinos longos tem me ajudado muito! Muitas mudanças tem acontecido comigo de um tempo para cá, as mudanças pessoais (relacionamentos) e as decepções profissionais no fundo estão me ajudando a encontrar com uma Juliany que eu acho que até eu desconhecia completamente!
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